sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Células-tronco brasileiras

No dia do nascimento da LAPA (30/09) foi apresentada a criação da primeira linhagem de células-tronco no Brasil. Cientistas brasileiros, células brasileiras (batizadas de BR-1), investimento brasileiro (e alto), metodologia estrangeira. Sim, já havia relatos na literatura sobre o desenvolvimento de células-tronco por estrangeiros. Agora não precisamos mais importar células-tronco. Isto não faz muita diferença para um país que já importa os mais variados tipos de reagentes e equipamentos para seus laboratórios. A LAPA não acredita na justificativa de cientistas de que as BR-1 sejam mais próximas do genótipo brasileiro porque foram criadas a partir de células doadas por brasileiros. O povo brasileiro é altamente miscigenado. Os cientistas estão comemorando o quê? O ineditismo da nacionalidade das células-tronco? “Não”, respondem, “estamos comemorando um novo marco na pesquisa do país”. Até agência de fomento à pesquisa comemora. Na realidade o novo marco vai significar maior exploração animal nos laboratórios nacionais de pesquisa. Os modelos animais estarão em alta sim, onde as BR-1 serão testadas? Em humanos que não podem ser. A partir de agora vai aumentar a quantidade de projetos de pesquisa sobre células-tronco e milhões de reais serão destinados para custeá-los. A justificativa experimental? “Pretendemos avaliar a capacidade das células-tronco de se transformarem em células especializadas, como por ex: células hepáticas no fígado com cirrose, células cardíacas no coração (e não um dente no coração) e principalmente em células nervosas na medula lesada”. O tratamento com células-tronco em humanos ainda não é possível, mas a expectativa é enorme, pois as células-tronco prometem ser um avanço na medicina assim como ocorreu no passado com fármacos desenvolvidos através de produtos naturais, semi-sintéticos e sintéticos. E a novidade das células-tronco no Brasil? Até agora, nada inédito, nem células-tronco, nem modelos experimentais – seguimos com os mesmos modelos animais de sempre. Nem as promessas de cura e tratamento mudam. Só a moralidade parece continuar inédita em nosso país.

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